Hilton Souza

O consumismo desenfreado e a sede por novas tecnologias transformam o planeta em verdadeiro aterro
Foto:Hilton Souza


Por:Hilton Souza - hiltonsj@hotmail.com

Por iniciativa própria, os irmãos Joseval, 32, e Joandro Araújo, 24, decidiram abrir mão do espaço de um pequeno depósito, no bairro de Nazaré em Salvador, para dar um novo rumo aos equipamentos que muitos não sabem o que fazer.


Há mais de um ano, os dois rapazes, que se denominam ativistas ambientais, firmaram uma parceria com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador - Limpurb. Segundo Joandro Araújo, que é economista, afirmou que ele e o irmão, artista plástico, desenvolvem essa atividade sem viés econômico, tendo como principal propósito em facilitar a vida humana, preservando o meio ambiente.

Eles recolhem placas de computadores, queimadas ou destruídas, monitores e até baterias veiculares. "Esses equipamentos seguem para uma empresa paulista, que recolhe sem custo. Lá é realizado todo o processo de separação dos componentes químicos no processo de reciclagem", conclui Araújo.

Legislação

No Brasil, pouco se ouve falar sobre projetos voltados sobre coleta do lixo digital. A invasão das mais novas beldades do mundo virtual, como: telas finas, lap tops, celulares e tocadores de MP3, provocam o abandono das grandes máquinas mesmo com vida útil. O que fazer com a máquina velha, ultrapassada e quebrada é o que muitos desconhecem.

O governo federal criou uma resolução por parte do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que dispõe sobre o descarte de pilhas e baterias. A resolução recomenda que após o seu esgotamento energético, os usuários devem entregar as pilhas e baterias aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas indústrias.

O site da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), alerta aos internautas e deixa claro. "Pilhas e baterias que possuem metais pesados (cádmo, mercúrio, chumbo e zinco) lançadas aleatóriamente no solo, rios e lagoas, podem causar ao homem, disfunção renal, problemas pulmonares e cerebrais, estomatite, anemia e perda de memória". Esses são apenas poucos dos tantos problemas que podem ser causados por qualquer equipamento tecnológico quando descartado de forma irresponsável. Ainda falta muito para uma conscientização a nível nacional

Inclusão Digital


A responsabilidade é de cunho variado. E só agora algumas pessoas despertaram para essa proble-mática. O governo não expande o interesse de atuar com uma legislação mais rigorosa. Jonatan Amorim, Assistente Pedagógico do Comitê para Democratização da Informática na Bahia (CDI-BA), Organização Não Governamental (ONG) e sem fins lucrativos, retrata um panorama sobre o caos do e-lixo no mundo. Para explicar que a demanda é muito maior do que se pensa Amorim, alfineta, dizendo
que os fabricantes devem ser responsabilizados pelo recolhimento e direciona-mento correto a esses resíduos.

Isaac Oliveira, Coordenador Executivo da CDI-BA, destaca que o incentivo a Inclusão Digital, é o principal trabalho da ONG. "Recebemos doações de equipamentos usáveis, com eles beneficiamos comunidades de baixa renda e públicos em situação especial", garantiu o coordenador enfatizando a criação de espaços para a discussão, participação e ação comunitária nas Escolas de Informática e Cidadania (EICs), criadas pelo comitê.

O jornal Folha de São Paulo divulgou em março deste ano, a pesquisa TIC Domicílios 2007, feita pelo Cetic.br a pedido do Comitê Gestor da Internet no Brasil, onde mostra que apenas 24% dos domicílios brasileiros possuem computadores e só 17% dos habitantes têm acesso à internet em suas casas.

Mesmo com o número baixo de pessoas conectadas a rede, não significa que a quantidade de equipamentos eletrônicos seja menor. Especialistas têm grande preocupação, quando o assunto é descarte desses resíduos.

O crescimento de mercado de complementos informáticos provoca um verdadeiro impacto ao meio ambiente. O que vem ao caso é que o lixo tecnológico jamais poderá ser descartado em lixões e aterros de qualidade técnica duvidosa.


One Response so far.

  1. Texto sobre tema pertinente, Hilton. Parabéns! Vi o link de seu blog no de Elena Martinez. Depois acesse o meu também: www.escritosalheios.blogspot.com

    P.S.: Eu conheço Joandro pessoalmente da época em que trabalhei com telemarketing. Essa figura era chamada de Jojó e era o mascote da galera!